24 de mar. de 2017

A GLÓRIA DOS MÁRTIRES

Martírio de S. Pedro de Verona.
"Indo um santo Monge à Alexandria, encontrou na selva outro monge (de quem tinha grande conceito de santidade) feito em pedaços por um leão. Com grande dor e lástima enterrou o defunto.

Mais adiante, entrou na Cidade, e viu um enterro soleníssimo; e perguntando pelo defunto, disseram-lhe o nome; tratava-se de um cidadão daquela cidade, que ele conhecia como muito vicioso e ganancioso.
Com santa ira e zelo ardente voltou-se para Deus, e disse-lhe: "Senhor, não passarei daqui até que me digais porque motivo a este homem vicioso permitis um enterro tão solene, morrendo ele em sua cama com todo o sossego e paz; e àquele santo homem as feras despedaçaram, e apenas por estes braços foi enterrado numa cova do deserto!"

E então, disse-lhe um anjo: "A razão é, porque este homem tinha algumas coisas boas, e ficam pagas com estas honras populares, o restante será pena; mas, o Monge, por algumas coisas imperfeitas que tinha, pagou-as com a morte, com o qual foi gozar diretamente da Glória. E tu, não questiones novamente, pois adora os mistérios do Senhor".

Eu confesso reparar pouco no modo de como morrer, quanto à materialidade do corpo, e muitíssimo quanto à disposição da alma. Os maiores Santos morreram despedaçados, crucificados, escarpiados, queimados, afogados; mas estes foram Mártires: mas dos Confessores, dos Simeões Stilitas, a um deles um raio matou. O Beato Jordão, varão santíssimo, Superior Geral dos Dominicanos, afogou-se num rio, sendo muito verossímil que, num e noutro, fosse água e fogo o meio agradável para chegar ao eterno refrigério, sem passar pelo Purgatório. O que importa é a disposição da Alma: e se esta é boa, faça Deus o que entender do corpo. Na Ladainha, quando se pede a Deus que nos livre da má morte, à subitanea, junta-se a improvisa, porque se ela não for improvisa, nem incauta, senão que a Alma esteja bem disposta; pouco importa que seja subitanea, e repentina." (Luz a los vivos y escarmiento en los muertos. Madrid, ano 1668, p. 64. Tradução: ✠ SANTO ZELO blog)

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